Flávia Tavares, 28 anos, tatua e mora em Belo Horizonte.
Flavia teve seu primeiro contato com a Tattoo, em 2006, quando ela ainda fazia o Ensino médio e trabalhava em um Shopping. Com a grana do trabalho, ela comprou seu primeiro kit de tatuagens. Ficou 2 anos estudando sozinha e com material precário, pois não tinha nenhum amigo tatuador e naquela época não era fácil conseguir informações. Já quase desistindo de tudo, ela conheceu um grande Tatuador de BH (Oderus), que segundo ela, te ajudou a começar do zero "costumo dizer que a partir daí eu realmente comecei a tatuar"
Foi uma grande mudança em sua vida, até desenhar, que era algo que ela ja fazia, ela teve que começar tudo de novo, aprendendo até a pintar com ele, um dos grandes desafios, segundo ela, foi transformar seus desenhos para serem tatuados.
Em 2009 ela começou a trabalhar profissionalmente, trabalhava no antigo estudio do Fredao Oliveira (Monkey Tattoo), ele e seu irmão ajudaram muito ela nessa época. Logo depois fez o seu primeiro Guest pra fora do Brasil, acompanhada do Oderus, onde trabalhou com outros grandes artistas brasileiros, Rodrigo Botero, Walter e Felipe Andrade.
"Eu recebia muito conselho pessoal, sobre ter mais confiança em si mesmo, não desistir e tentar se divertir, foram conselhos tão bons quanto as dicas de técnica que recebi."
Se envolveu com Tradicional depois de 4 anos, depois de perceber que era um estilo de tatuagem duradouro, e mais sábio do que parecia. Estudando desenhos do SJ, percebeu que aqueles desenhos eram feitos pra tatuagem, e tudo isso carregando um significado pessoal, não era apenas bonito. Depois da mudança de pensamentos, seu grande desafio foi transformar suas referências vinda do Anime, para o OldSchool.
"Faz 4 anos que eu deixei de bater com a cabeça na parede. E que eu realmente considero que aprendi a tatuar."
Flávia cita algumas referências nacionais pra gente que ela curte muito: Bruna Yonashiro, JessicaO e Juliana Odett. "As meninas estão mandando muito!"
"Eu acho que, infelizmente, o tradicional tem ofuscado o estilo próprio da maioria das pessoas. Vejo muitas variações do mesmo. Formatando muitos. Pra mim, pelomenos, o tradicional não pode ser um desenho mal feito. E precisa carregar um estilo próprio.
Nao sei se existe uma regra pra isso, eu costumo muito acabar desenhando coisas que me influenciam, que me interessam, que fazem parte da minha vida. E claro, aprender a desenhar com referencia de foto ao invés de referencia de outras tatuagens, cada um sabe o que funciona melhor pra si mesmo. Aprender a desenha é o maior segredo. Acredito eu.
O tradicional ainda é classico, mas o público está voltado pra moda. Nao sei se é a disseminação da moda nas redes sociais ou a falta de informação, sei que no futuro veremos muita tatuagem bizarra que simplesmente não funcionou a longo prazo. Diferente de quem escolheu tatuar um oriental tradicinal ou oldschool, As pessoas estão muito preocupadas com tudo menos com entender a essência da tatuagem, fazer boas tatuagens, se dedicar. Eu vejo umas fotos que eu calculo "essa linha nao dura nem o tempo de cicatrizacao haha"
Perguntamos a ela:
"VOCÊ SOFRE, OU SOFREU ALGUM TIPO DE PRECONCEITO POR SER TATUADORA?
"Muito, e todos os dias. Isso é o que mais me incomoda. Nao apenas na tatuagem mas na vida, infelizmente eu ainda ouço coisas do tipo " tem outros tatuadores? É você quem tatua?" Por isso eu sempre me volto pros trampos das mulheres. Sei que a luta delas também e a minha. E a admiração é duplicada. Estou começando a ficar mais radical, tatuo quem quer meu trampo, que me procura pra isso. Quem tem duvidas eu não faço questão, fortaleço quem me fortalece. E faço tatuagens pra quem gosta do meu trabalho. O resto não merece a minha dedicação"
"Minha mensagem é: nada que você fizer que você se dedicar e colocar seu o coração nisso pode dar errado. ( foi a primeira mensagem sobre a tatuagem que eu recebi e que carrego até hoje) Ah! E claro: cada um tem a tatuagem que merece."